Na última semana Hollywood literalmente parou: após os roteiristas anunciarem greve, que começou em maio desse ano, agora foi a vez dos atores aderirem. Desde 1980 não acontecia uma paralisação de proporções enormes como essa – e a última vez que atores e roteiristas paralisaram juntos foi em 1960.
Naquele ano, os atores queriam maior participação nos lucros com a venda de programas e filmes feitos para a TV a cabo e fitas de vídeo (as clássicas VHS, lembram?). Os tempos mudaram, as demandas continuam as mesmas, mas agora contra novos players: a inteligência artificial e plataformas de streaming.
Os cinemas já estão preocupados: ainda que a plateia das próximas semanas esteja garantida com as estreias de Barbie, Oppenheimer e Missão: Impossível 8, caso a paralisação dure semanas como tem sido a de roteiristas, as redes poderão ficar sem nada para exibir.
Filmes como Deadpool 3, Os Caça-Fantasmas 4, Mufasa: O Rei Leão, Avatar 3 e 4, Beetlejuice 2 e o musical Wicked são algumas das produções afetadas logo de imediato.
Além disso, a greve também afeta a divulgação dos filmes. Na última semana, o tapete vermelho que aconteceria em Londres para promover a estreia de Oppenheimer foi cancelado de última hora, uma vez que os atores se recusaram a promover o filme em apoio à decisão do Sindicato (conhecido como SAG-AFTRA).
Em paralisações anteriores, tanto na década de 60 quanto na de 80, atores pararam de trabalhar por 6 semanas e roteiristas por vinte e uma. Aqui, segundo os jornalistas que estão acompanhando de perto, as negociações podem ser demoradas pois envolve muito mais empresas e outros formatos.
Festivais de cinema em apuros
A greve também tende a prejudicar os festivais de cinema programados para o 2º semestre, como Telluride, Nova York, Toronto, Tribeca e Venice. Há uma expectativa de que os festivais até sejam mantidos, mas sem a presença dos atores, o que é um balde de água fria na tentativa de gerar atenção para os filmes que são exibidos.
É uma greve que tem o apoio de grandes estrelas, sejam atores ou diretores. Eles passam uma mensagem clara de unidade contra os grandes estúdios, conglomerados de mídia e plataformas de streaming. É uma luta para que a indústria sobreviva e se torne melhor. Ao menos, é o que a gente espera.
Texto originalmente publicado na newsletter Sob a Minha Lente (link)