Foi um ano muito bom para as séries. Assisti a coisas que realmente chamaram minha atenção, que me deixaram feliz de estar ali, passando tempo com aquelas histórias e aqueles personagens. Foram programas que me levaram para dentro de seus universos. E, mesmo que o tempo torne cada vez mais difícil montar essas listas de fim de ano — que eu odeio e amo ao mesmo tempo —, esse exercício segue sendo um ritual importante: olhar para trás e admirar tudo o que foi possível acompanhar. É também uma forma de registrar o que foi visto, de não deixar que essas experiências passem apenas como mais uma história qualquer. Porque, definitivamente, as dez séries listadas abaixo valeram muito a pena.
Confira a lista:

10. A Cadeira (HBO Max)
Tim Robinson (Saturday Night Live, Amizade Tóxica) está completamente descontrolado nesta nova série da HBO Max — e isso é ótimo. A Cadeira pode ser vista quase como um sketch estendido, centrado em um funcionário recém-promovido para supervisionar um grande projeto que, logo em sua apresentação, passa vergonha ao cair de uma cadeira. Essa é a premissa criada e protagonizada por Robinson, mas, a partir daí, os episódios mergulham nas paranoias do personagem, que só se intensificam, tornando cada vez mais disfuncional sua relação com o ambiente de trabalho e com a própria família. É hilária em todos os sentidos, provocando risos a partir das situações mais absurdas em que Robinson se coloca.
09. Severance • 2ª Temporada (Apple TV)
Pode não ter sido o espetáculo que foi a primeira temporada, mas Severance mostrou que a espera valeu a pena. O foco deste novo ano esteve muito mais nos personagens do que na discussão conceitual sobre como o trabalho — ou as corporações — afetam o nosso “eu”. Há episódios que funcionam quase como sonhos, tão desconexos que nos fazem acompanhar experiências cujos efeitos sobre o “eu verdadeiro” permanecem incertos. Séries dispostas a conduzir o espectador por jornadas desconhecidas estão cada vez mais raras. Severance prova que não tem medo disso.
08. The Last Of Us • 2ª Temporada (HBO Max)
Foi também uma temporada aquém se comparada com a primeira, mas aquele segundo episódio permanece como um dos mais tensos que assisti no ano. Me parece que The Last Of Us, tendo tomado a decisão de selar o destino de Joel logo no início da temporada, acabou tendo dificuldade de encontrar o ritmo novamente. Quando a história se ambienta em Seattle, nos dois capítulos finais, The Last Of Us mostra novamente aquela qualidade que foi tão marcante no ano anterior.
07. The Lowdown (Hulu)
Logo nos primeiros minutos da série, criada por Sterlin Harjo (responsável pela excelente Reservation Dogs), tive a sensação de estar lendo as páginas do romance policial A Morte É um Negócio Solitário, de Ray Bradbury. O tom da narrativa, os personagens, a paisagem — tirando o mar de Venice Beach — e, sobretudo, o protagonista vivido por Ethan Hawke, um jornalista investigativo que se mete em diversas confusões enquanto segue rastros de corrupção deixados pelos governantes de Tulsa, reforçam essa impressão desde o início. Tem mistério, tem comédia e uma atuação impressionante de Ethan Hawke.
06. Adolescence (Netflix)
Essa série da Netflix dominou a discussão por um bom tempo, seja pelo tema que aborda, seja pelo fato de ser filmada como um longo plano-sequência que encantou muita gente. Adolescence está profundamente conectada às preocupações que o ambiente digital evoca, especialmente no que diz respeito à masculinidade tóxica e a como isso impacta o crescimento dessas crianças. É uma série forte e perturbadora, em todos os níveis.
05. Task (HBO Max)
À primeira vista, parece uma série policial que remete aos procedurais mais tradicionais do gênero. Mas Task vai muito além disso. Do mesmo criador de Mare of Easttown, essa nova produção se revela uma grata surpresa. Quando você menos espera algo da história, a série te joga no meio de um caos que cresce na mesma proporção do nosso interesse. E a sequência final de Mark Ruffalo vale, sem exagero, o prêmio de Melhor Ator em praticamente todas as premiações de TV da temporada.
04. Mr. Scorsese (Apple TV)
Um documentário sobre a vida e a carreira do maior diretor de todos os tempos dificilmente ficaria de fora desta lista. A diretora Rebecca Miller faz um trabalho sensível ao explorar as nuances de uma obra tão pessoal, desde a infância marcada pela asma até a busca constante por questões morais e pelos mistérios da fé. Trata-se de uma série essencial para qualquer cinéfilo — goste ou não dos filmes de Scorsese.
03. Pluribus (Apple TV)
Nova série criada por Vince Gilligan, Pluribus talvez seja a produção visualmente mais impressionante desta lista. Tudo remete ao universo que Gilligan construiu anteriormente ao lado do diretor de fotografia Marshall Adams em Breaking Bad e Better Call Saul, parceria retomada aqui — novamente com Albuquerque, no Novo México, como cenário. A série evoca a sensação vivida durante a pandemia, quando o mundo como o conhecíamos parecia prestes a mudar radicalmente. Em Pluribus, no entanto, não é uma gripe mortal, mas uma espécie de “droga da felicidade” que infecta a população, levando todos a tratar o outro com uma empatia extrema e, por vezes, irritante. É essa repulsa que sente Carol Sturka, interpretada de forma brilhante por Rhea Seehorn — e é por isso que ela luta obstinadamente para salvar o mundo e recolocar o planeta nos trilhos. É impossível não querer acompanhar essa jornada.
02. The Pitt (HBO Max)
Assisti à primeira temporada inteira em três dias. Depois que você começa, é quase impossível parar — você só interrompe quando é obrigado. E olha que o formato de The Pitt pode até parecer ultrapassado, típico de uma era em que a TV investia em séries ambientadas em apenas uma hora do dia (24 Horas, lembra?). A série segue essa lógica, situada em um pronto-socorro de Pittsburgh, mas lida com traumas contemporâneos — pós-COVID, um sistema de saúde deficitário — e com os mais diversos acontecimentos de um plantão. É uma maratona que vale muito a pena, mas que também faz chorar, assustar e se revoltar com uma facilidade impressionante.
01. Andor (Disney+)
A primeira temporada de Andor já havia sido excelente, mas o que Tony Gilroy alcança neste segundo ano é realmente digno de aplausos. A narrativa escala a partir dos eventos iniciais e atinge aqui seu clímax, quando os rebeldes precisam encontrar alguma forma de união em meio às próprias disputas de poder, enquanto o Império planta a semente da discórdia que culmina nos acontecimentos de Ghorman. Andor transcende completamente o fato de integrar a franquia Star Wars — e é isso que a torna tão especial.










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