Episódio de ‘Succession’ revive escrita no Sob a Minha Lente

Imagem ilustrativa de post para Sucession

Quando fundei o Sob a Minha Lente ainda quando estava na faculdade, lá pelos idos de 2007, nunca tive a presunção do blog ser o meu trabalho. Mas por causa dele acabei conhecendo pessoas que também escreviam sobre cinema, fui às cabines de imprensa que sempre foram um grande sonho e cheguei até a realizar um pequeno evento sobre filmes e séries na minha cidade-natal, Salvador (BA). Mas de uns tempos para cá, entre idas e vindas, deu uma certa fadiga e o Sob a Minha Lente estava no limbo. Bom, ainda está. Mas agora vamos, eu e Larissa, tentar resgatá-lo para tornarmos esse espaço mais vivo, pulsante. E não daria para começar de outra forma a não ser falando de Succession.

[CUIDADO: SPOILERS A PARTIR DAQUI]

Como tanta gente que assistiu ao episódio “Connor’s Wedding” (T4.E3), fiquei completamente em choque. No primeiro momento, imaginei que se tratava de um teste. Claro, a série o tempo inteiro foi nos educando sobre os testes que Logan fazia, muitos deles nocivos e covardes que acabaram por moldar as personalidades frágeis e traumáticas dos seus filhos (e até dos seus funcionários mais próximos). Refletindo depois, era talvez o meu cerébro não querendo acreditar no que de fato estava acontecendo no capítulo: Logan Roy morreu.

A partir desse momento, acompanhamos todos os personagens experienciando exatamente o que nós, como espectadores, estávamos também passando, vivendo um misto de surpresa e incredulidade enquanto os desdobramentos desse impactante evento vão ganhando forma, com decisões tendo que ser tomadas ao passo que dores, arrependimentos e negação se envoltam naquilo de pragmático que os personagens precisam avaliar mas com um grau de culpa. Com a morte repentina de Logan, se culpar é algo comum entre todos, pois havia uma guerra aberta pela sucessão e controle da companhia. E a série narra isso muito bem, aterrisando todos para a dura realidade do “e agora?’.

No episódio anterior (“Rehearsal”, T4.E2), Logan fala em tom carinhoso que ama os filhos, mas que “não são pessoas sérias”. Agora, com a sua morte, eles precisarão ser sérios, ou maduros, para não serem engolidos pelo próprio império que o pai construiu. Ao decidir matar um personagem tão icônico ainda no início da última temporada, deixa Succession livre e com tempo para traçar o destino dos Roy’s enquanto família. Isso tudo logo quando, ao menos na visão deste, a série parecia sem fôlego e se repetindo. Foi um plot twist brilhante, que coloca Succession como favorita a todos os prêmios do ano.

Texto originalmente publicado na newsletter Sob a Minha Lente (link)