‘The Crown’ dedica primeira parte da última temporada à Princesa Diana

‘The Crown’ dedica primeira parte da última temporada à Princesa Diana

A primeira parte da sexta e última temporada de The Crown foi disponibilizada pela Netflix há alguns dias. E os quatro episódios são inteiramente dedicados às últimas semanas que antecederam a trágica morte de Princesa Diana.

Quando The Crown estreou em 2016, a série tinha a proposta de recriar o período elisabetano desde os primeiros dias do seu reinado até, logicamente, os momentos atuais. Em boa parte do tempo a série conseguiu ser efetiva em oferecer aos espectadores um olhar mais humano.

Isso até a quarta temporada, quando The Crown realmente atingiu o seu pico. E depois dela a série se entregou completamente ao melodrama, tornando-a menos fascinante do que nas temporadas anteriores.

Essa característica, portanto, está presente nesses quatro episódios que abrem a última temporada de The Crown. No principal deles, intitulado “Afthermath”, justamente quando narra o dia seguinte à confirmação da morte de Diana, Dodi Fayed e o motorista Henri Paul, a série criada por Peter Morgan não recria os fatos de maneira tão convicente quanto em A Rainha (2005), escrita pelo próprio Morgan.

Aliás, é decepcionante que a abordagem tenha sido praticamente a mesma, intercalando nas filmagens cenas da cobertura televisiva da época. É quase como se estivessem com preguiça de pensarem em algo novo para esse importante momento da série e, assim, resgataram alguma coisa deletada que não entrou no corte final de A Rainha.

Isso, porém, não diminui a atuação de Elizabeth Debicki como Diana. A sua performance é a única coisa que de fato nos faz querer continuar, mesmo já conhecendo a história. The Crown não mostra o acidente de carro em si, mas foca na confusão que foram as últimas horas de Diana em Paris. E grande parte da qualidade está na maneira como Debicki interpreta Diana.

Fica também ainda mais evidente em The Crown que a Rainha Elizabeth não é quem está mais nos holofotes como em temporadas anteriores. São pouquíssimas as aparições de Imelda Staunton como Elizabeth o que, no final, é até bom considerando que sua atuação é a mais fraca de todas as atrizes que já a interpretaram na série – Claire Foy continua sendo o destaque.

Também se explica como o traço de humanidade que Peter Morgan tanto se preocupou em lançar nas primeiras temporadas, aqui se perde completamente e ficamos até aliviados quando Elizabeth ou Philip não são mostrados, pois é impressionante como eles realmente se colocaram no pedestal e se transformaram em pessoas arrogantes e desprovidas de empatia.

Enquanto esperamos a estreia da segunda parte da última temporada, que será disponibilizada na plataforma da Netflix no dia 14 de dezembro, a incerteza fica de como The Crown conseguirá caminhar sem a presença de Diana. Mas isso também nos lembra que essa saga royal está perto do fim – ao menos em The Crown, pois os escândalos continuam.

E talvez todos eles remontem à trágica morte de Diana, cujo impacto possa ter sido imaginado naqueles anos 90, mas ninguém nunca poderia imaginar que até hoje as consequências estariam pairando por aí.

Texto originalmente publicado na newsletter Sob a Minha Lente (link)